sábado, 27 de dezembro de 2008

DA VIDA DAS MARIONETES


Depois de "Da vida das marionetes", sem dúvida nenhuma, constato que Ingmar Bergman é meu diretor favorito. Aquele que encerra de forma única e incisiva todas as minhas maiores "taras", digamos assim: o complexo e conturbado universo humano.
"Da vida das marionetes" não está na linha de filmes mais cultuados da filmografia do cineasta sueco, mas na sua vasta e densa produção cinematográfica é sem dúvida o mais psicanalítico, e por isso mesmo o mais humano. Não é o mais denso; neste quesito "Gritos e Sussurros" é arrebatador, porém fazemos justiça à "Da vida das marionetes".
A história de um homem que mata uma prostituta, depois de passar dias tentando o mesmo com a esposa, é desnudado de forma extremamente violenta pela câmera de Ingmar Bergman. A narrativa nos relata os momentos anteriores e posteriores deste incidente. Gradativamente a vida deste homem - o assassino - e de sua esposa vão, pouco a pouco, se desintegrando em meio as neuroses do marido e a lascívia latente da esposa. Tudo nos é contado de forma desconexa, onde a história vai e volta no passado. Somos jogados em meio a vida deste casal - Katrina e Peter - e percebemos o quanto a aparente vida livre dos dois revela uma esposa sexualmente repressiva e um marido tão carente quanto neurótico.
Ingmar Bergman, mais uma vez, desconstroi os relacionamentos humanos através da vida de um casal em crise. Pode não parecer, mas eles estão tão distantes um do outro quanto um outro casal famoso do cinema de Bergman: Marianne e Johan de "Cenas de um casamento".

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